indisciplina na escola

Indisciplina escolar: como os novos métodos de educação lidam com alunos indisciplinados?

Que a indisciplina na escola é um desafio para que haja uma ambiente propício à aprendizagem, não há nenhuma dúvida! Mas, nós que somos professores, sabemos que nem sempre disciplinar as crianças é uma tarefa simples.

Haja visto que em uma pesquisa feita pela Nova Escola em parceria com o Ibope em 2007, 69% dos professores relataram que a indisciplina em sala de aula e a falta de atenção eram os maiores problemas que enfrentavam.

Mas veja só, já se passaram mais de dez anos da realização desta pesquisa. Então, diga-me uma coisa, você acredita que este cenário mudou? Melhorou? Piorou? 

Sem dúvida, posso dizer que, no mínimo, manteve-se a mesma situação. Isso porque uma pesquisa que vem sendo realizada pela EducaME tem revelado, sem nenhuma surpresa, que a indisciplina e a consequente falta de atenção são as maiores frustrações dos professores em sala de aula. 

Ahhh… só um breve parênteses …(Você que é professor também pode responder a esta pesquisa neste link).

Afinal, qual é a conclusão que podemos chegar a partir destes dados? Temos várias. Falta comprometimento por parte dos pais na educação dos filhos? Sim. Faltam limites na educação das crianças? Sim. Alguns valores como o respeito estão sendo ignorados na sociedade atual? Sim.

Com certeza, todas estas situações são parte das causas que geram o comportamento indisciplinado das crianças. No entanto, há uma conclusão que não podemos negar: os métodos tradicionais de educação não estão sabendo lidar com os novos desafios na educação das crianças em sala de aula. 

A partir desta conclusão posso até ouvir o burburinho de alguns colegas de trabalho dizendo “mas como você pode jogar para a educação uma responsabilidade que é dos pais?”. 

Concordo plenamente com o professor que pensa desta forma. No entanto, nossos alunos estão conosco, nós estamos ficando doentes com esta situação e a grande maioria dos pais continua sem saber como ensinar valores aos seus filhos.

Sendo assim, se este ciclo não for quebrado, a tendência é que os números da pesquisa acima só aumentem. Por isso, o melhor que podemos fazer para a saúde física e emocional do professor e para a melhor aprendizagem das crianças é buscar informações mais seguras e pautadas na ciência sobre como vamos lidar com esta situação.

Graças a neurociência e também à psicopedagogia, hoje temos condições de compreender que o papel do professor não deve mais se restringir ao conteúdo. Na medida em que já está mais do que comprovado que para um aprendizagem significativa a criança deve ser educada como um ser integral.

Isso quer dizer que é imprescíndivel ao professor associar as questões emocionais e morais ao planejamento dos seus conteúdos, isto porque grande parte das dificuldades de aprendizagens que as crianças têm apresentado estão relacionadas a questões emocionais que refletem em seus comportamentos.

Sem dúvidas é o caso da indisciplina em sala de aula. Já que uma criança com comportamento indisciplinado apresenta como dificuldade de aprendizagem a falta de atenção. Fato comprovado na pesquisa mencionada acima.

Por trás de todo mau comportamento há emoções desajustadas. E os novos métodos de educação trazem esse novo olhar sobre o educando, enxergando-o como um ser integral que precisa ativar suas boas emoções para aprender e por isso, cada um deles tem um modo particular de lidar com a questão da indisciplina.

Então, para ajudar você a conhecer um pouco mais sobre como estes métodos lidam com a indisciplina na escola, separei três deles com os quais você poderá se identificar: 

1. Método Montessori

2. Disciplina Positiva

3. Pedagogia do Amor de Pestalozzi

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    Vamos a cada um deles:

    1. Método Montessori e a indisciplina na escola


    O principal objetivo do método Montessori é desenvolver as habilidades das crianças de forma natural na relação com o ambiente de acordo com as etapas do seu desenvolvimento.  

    Este método é bastante direcionado para a educação infantil, já que é exatamente neste período em que a criança desenvolve a base de todas as habilidades que formarão a sua personalidade. 

    Dessa forma, o método traz um novo olhar sobre a relação da criança com o ambiente, no qual o professor atua respeitando a sua autonomia. Para isso, o ambiente deve ser organizado para o melhor desenvolvimento da criança.

    Quando se trata da indisciplina, não há punição e nem sistema de recompensas. Mais uma vez o olhar se volta para a relação da criança com o ambiente. Por isso, evita-se corrigir a criança. Corrige-se o ambiente para que assim a criança possa agir melhor. 

    Esse novo modelo de disciplina é fantástico, principalmente para as crianças pequenas. Mas exige uma preparação adequada do ambiente, o que nem sempre é possível ser feito em todas as salas de aula, pois demanda recursos e materiais nem sempre disponíveis nas escolas. 

    2. Disciplina positiva e a indisciplina na escola


    Como o próprio nome do método sugere, na disciplina positiva evita-se repreender a criança com negações. “Não faça isso… não faça aquilo…”. 

    Você pode até estar pensando… “como isso é possível?”. Foi o que eu pensei também, até compreender que neste método a criança é corrigida por meio de uma diálogo respeitoso.

    Isso porque o método parte do princípio de que o professor necessita desenvolver empatia pela criança e ao respeitar os seus sentimentos, o professor aprende a orientar a criança de forma positiva. 

    Por exemplo, quando uma criança bate no seu colega, ao invés de colocar a criança no cantinho para pensar no que fez, o professor primeiro valida os sentimentos da criança agressora e depois mostra as consequências do seu ato.

    Neste caso, o professor poderá falar para a criança que bateu “Você bateu no seu colega porque ficou bravo com ele não é mesmo?. Eu sei que não é fácil controlar a raiva, mas vejo só, seu colega está chorando, porque está sentindo dor onde você bateu. O que você pode fazer para ajudá-lo a melhorar? Vamos cuidar dele e assim ele e você se sentirão melhores.” 

    Sendo assim, não há castigos, por outro lado, o método é focado em trabalhar com as criança as consequências dos seus atos. Proporcionando a vivência das frustrações naturais da vida. 

    Sem dúvida é um método que que encoraja as crianças a serem respeitosas, responsáveis e resilientes. E o mais importante, com recursos para resolverem seus problemas ao longo da vida. 

    Por outro lado, exige do professor muito muito muito controle emocional para conseguir abordar a criança indisciplinada com empatia e direcionar um diálogo com base em reflexões para que ela compreenda o que está sentindo e as consequências das suas más ações. 

    3. Pedagogia do Amor de Pestalozzi e a indisciplina na escola


    Na Pedagogia do Amor toda a relação de respeito entre o aluno e o professor parte da afetividade. Para Pestalozzi, sem o afeto não é possível envolver o aluno ao ponto dele confiar no professor e como consequência respeitá-lo e dar-lhe total atenção. 

    No entanto, este afeto não tem a ver com permissividade na sala de aula. Ao contrário, é justamente porque o professor sabe as reais necessidades de seus alunos que consegue envolvê-los oferecendo a eles tudo aquilo que precisam para se desenvolverem plenamente. 

    Para que o professor conheça as reais necessidades de seus alunos é preciso que ele construa um olhar paternal para com seus alunos. Buscando compreender os seus sentimentos e a origens dos seus comportamentos.

    Por isso, é imprescindível que um sentimento de piedade filial seja a base do relacionamento do professor com o seu aluno. Isso quer dizer que, cabe ao professor não taxar seus alunos-problemas.

    Ao invés disso, deve buscar entender as motivações deles e o que ele poderá fazer para ajudá-los a superarem os seus maus comportamentos. 

    Sem dúvidas este é um trabalho de paciência e dedicação. Pois a disciplina só poderá ser estabelecida quando o aluno, sentindo o afeto do seu professor, passar a confiar nele e querer estar em sua companhia para aprender.

    Com toda certeza, neste método não há punições, castigos ou ameaças. A correção da criança se faz pela vivência de bons hábitos de maneira intencional seguindo as etapas de aprendizagem: observação, comparação, reflexão e vivenciar experimentos.

    Sendo assim, a criança vai estruturando um novo pensamento sobre o que faz, o que sente e porque sente e ao longo das vivências vai modificando o seu comportamento. 

    Sem dúvidas, este é o bastante completo e simples de ser praticado. Simples pois não depende de nenhum recurso ou ambiente especial, exige apenas a boa vontade do professor e a compreensão das etapas do método.

    Completo pois, além de respeitar os sentimentos da criança e desenvolver empatia por ela, tem como objetivo primordial fazer com que a criança se sinta feliz de viver na condição que lhe é própria e de ser útil ao seu ambiente. Despertando o seu potencial com uma educação orientada por valores e bons hábitos. 

    Fantástico, não é mesmo? 

    Se você ficou na dúvida se é possível vivenciar o método da Pedagogia do Amor para disciplinar seus alunos utilizando como principais recursos o afeto e o olhar voltado às suas reais necessidades, então veja abaixo um vídeo sobre a própria experiência de Pestalozzi.

    Você acredita que algum destes métodos poderia ajudar na sua prática? Comente abaixo!

    Abraços e alegrias no trabalho
    Milena Barbosa
    Fundadora e coordenadora Pedagógica da EducaMe com amor

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      *imagem freepik

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