Devo ensinar meu filho a revidar? Uma história infantil sobre o perdão

Maria, uma menina de três anos, brincava na garagem de casa com seus potinhos de plástico que sua mãe reutilizava dos potes de manteiga. Quando sua irmã, Clara, apenas um ano e dois meses mais velha, aparece de supetão e espalha todos os potes. Maria sai recolhendo todos e senta novamente para brincar. Clara dá um empurrão em Maria. Maria ignora Clara e não revida. Clara então puxa o cabelo de Maria. Maria fica muito brava e sai correndo atrás de Clara, puxa seu cabelo com tanta força que a faz chorar.

Esta é uma cena comum no dia a dia das crianças, principalmente entre irmãos.

Neste conflito entre as irmãs Maria e Clara percebemos que Maria ignora a agressão da irmã por duas vezes até que ela se enche de raiva e revida.

Mas, revidar é natural?

Revidar é natural entre as crianças já que elas estão construindo uma identidade, aprendendo valores morais e aos poucos irão compreendendo as situações e sabendo lidar com suas emoções. Até esse aprendizado se concretizar a criança reage a partir do instinto, assim como os animais na natureza têm o instinto de conservação, nós também possuímos este instinto como herança da evolução.

A criança então revida para se defender da agressão ou por raiva ou por medo de ser agredida novamente.

A partir dos dois anos começa o desenvolvimento do juízo moral, isso quer dizer que a criança gradualmente vai construindo seus valores de acordo com aquilo que ela observa e vivencia na convivência com os adultos. Esses valores irão ajudá-la a construir o autocontrole, assim, poderá utilizar de outros meios para resolver os conflitos sem ser a agressão.

Ensinar valores morais é necessário para que nossos filhos construam capacidades humanas – do pensar, do sentir e do saber fazer – somente assim eles desenvolverão o que há de bom neles mesmos, sobrepondo o instinto animal. É neste ponto que o papel dos pais é fundamental em não ensinar o revide.

Se revidar é natural, por que não ensinar a revidar?

Revidar é natural, mas não deve ser considerado por nós pais como uma atitude normal, já que normalizar a agressão apenas fará com que a violência se perpetue em nossa sociedade.

O que nós pais temos que ter em mente é precisamos ensinar nossos filhos a fazerem escolhas diante de conflitos. Revidar não é uma escolha, é ação do instinto animal.

E nós como seres humanos precisamos educar nossos filhos para que se afastem cada vez mais dos instintos animais e se aproximem das capacidades verdadeiramente humanas. Como assim?

Como humanos, temos capacidades de pensar, raciocinar, avaliar e decidir para fazermos escolhas e agir. Quando ensinamos nossos filhos a racionarem moralmente damos a eles ferramentas para que consigam avaliar suas ações e fazer escolhas melhores.

Quem escolhe melhor, sofre menos. E eis o motivo para não ensinar nossos filhos a revidarem. Como revidar não faz mais parte das capacidades humanas, traz más consequências:

  • Pensamento preso às qualidades morais inferiores
  • Mágoa
  • Enfermidades

Convenhamos que nenhum pai gostaria de ver seu filho sofrendo nenhuma dessas três consequências. Você pode até estar pensando que isso é exagero. Mas quando ensinamos nosso filho a revidar a agressão de alguém estamos reforçando emoções inferiores, principalmente a raiva.

Estimular a raiva através do revide deixará nosso filho sempre em estado de alerta e em atitude defensiva e ao passar do tempo, essas emoções vão se somando e produzindo a mágoa.

A mágoa fará de nossos filhos pessoas amargas, pois ficarão sempre com a impressão de que todos estão contra eles e fazendo algo para prejudicá-los. Como eles serão felizes com este sentimento? Muito difícil!

A agressão então, mais uma vez, entra em cena, como forma de tentar superar a mágoa. E assim a criança ficará num ciclo – agressão, revide, raiva, mágoa, agressão.

Cada vez que a criança é acometida por essas emoções inferiores, todo o seu corpo sofre com a descarga de adrenalina na corrente sanguínea, o coração acelera, o sangue se agita e todos os órgãos começam a trabalhar incessantemente para tentarem retomar o estado de normal de funcionamento. É muita energia gasta sem necessidade e isso pode, ao longo do tempo, adoecer alguns órgãos.

E assim seguirá até a vida adulta, onde provavelmente terá de tratar de doenças no coração, como pressão alta ou até mesmo uma gastrite. Tudo está interligado em nós: mente e corpo. Por isso devemos olhar para nossos filhos de forma integral, compreendendo que os valores que aprenderem hoje trarão saúde mental e física no futuro.

É preciso ensinar nossos filhos a racionarem moralmente para que possam adquirir valores transformando as emoções inferiores de raiva e medo em sentimentos elevados, abrindo caminho para o perdão. E isto só é possível quando direcionamos o pensamento para o amor.

Uma história infantil sobre o perdão

Como mãe ou pai, educar o filho para que ele não se torne uma criança agressiva é uma preocupação, mas como direcionar o pensamento do meu filho para o amor?

Para ajudar pais e mães neste assunto, criamos o livro infantil O PERDÃO DO ZEQUINHA, como um recurso lúdico. Que conta a história de Joãozinho, um menino aparentemente muito malvado que adorava beliscar os seus amigos.

Na primeira parte do livro levantamos a questão: Devo ensinar minha criança a revidar? E na segunda: O que está por trás da criança que é agressiva?

Na primeira parte temos o personagem Zequinha sempre vítima dos beliscões de Joãozinho, mas que nunca revidava nenhum beliscão e com isso conseguiu ajudar Joãozinho oferecendo a ele o seu perdão.

Na segunda parte a história continua e revela que Joãozinho era um menino triste, mas tinha um grande sentimento escondido e foi por causa do perdão de Zequinha que ele conseguiu se tornar um menino feliz.

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